quinta-feira, setembro 27, 2007

Jogging Matinal


Hora: 7:50 até às 8:50
Tempo: cinzento e chuvoso
Som: Cool Hipnoise, dZhian & Kamien
Local: adivinhem… :)

terça-feira, setembro 25, 2007

África Oriental – Epílogo


Passadas mais de duas semanas sobre o nosso regresso está na altura de fazer alguns últimos comentários.

A viagem foi de facto inesquecível e cheia de experiências novas. Eu pessoalmente gosto de viagens onde possa ter contacto com as populações e culturas locais, mas mais do que isso gosto do contacto com a natureza, seja a imponência e hostilidade das montanhas ou a tranquilidade da savana.

No Uganda tivemos as montanhas Rwenzori (um cenário duro mas magnífico) e o Parque Nacional Queen Elizabeth (calmo e com uma quantidade significativa de vida selvagem) como pontos altos. São locais serenos onde conseguíamos estar bastantes vezes sozinhos e sem gente a chatear: nos Rwenzori apenas tivemos companhia de um grupo de doze pessoas nos três primeiros dias, e nos restantes quatro estivemos sós (juntamente com os nosso guias e carregadores).

Também no Uganda o contacto com as pessoas foi mais próximo e genuíno. Encontrámos no Uganda as pessoas mais humildes, mais honestas e mais prestáveis para nos ajudar: os guias e carregadores de montanha que conhecemos são um bom exemplo disso e a forma como exprimiram gratidão por os contratarmos foi despretensiosa e simples. Talvez o facto de ser um país ainda com pouco turismo não tenha “formatado” as pessoas para a “caça ao dólar”. Não quero com isto dizer que na Tanzânia e no Quénia as pessoas são mais desonestas. Na sua esmagadora maioria também são simples, honestas e prestáveis, mas ficámos com impressão de que começa a proliferar uma trupe de aldrabões que procuram no “turista branco” uma forma de sacar umas massas sem ter que fazer nenhum…

Na Tanzânia tivemos outro dos pontos altos: o safari no Parque Nacional do Serengeti e na Área de Conservação de Ngorongoro - o esplendor da savana e uma profusão de vida selvagem. Não gostámos de pequenos detalhes: o nosso guia/motorista era mau; a forma como às vezes os guias conduzem e se comportam claramente interfere nas rotinas dos animais, o que não é suposto. Mas apesar disso foi extraordinário!

No final da viagem era suposto a costa do Quénia ser outro ponto alto, mas não foi nada de especial. É tudo uma questão de expectativas… As praias são bonitas, a água é quente e temos palmeiras, mas já tive melhores dias de praia em melhores praias cá dentro.

Foi no meio da natureza que gozámos mais esta viagem. Apesar de gostarmos do contacto com as populações há alturas em que o dispensamos… Há uma grande diferença entre o nosso mundo e a civilização africana, e não é fácil para um europeu adaptar-se a uma cultura do “pole pole” onde os autocarros não têm horário definido, onde muitas regras básicas de higiene e segurança são desprezadas (“hakuna matata”), etc… De referir também as viagens de “matatu”, autocarro e “ferry boat” que foram experiências “enriquecedoras” mas a repetir poucas vezes!

Itinerário da viagem

terça-feira, setembro 11, 2007

De Lamu a Nairobi

Os últimos dias no Quénia foram gastos a fazer de forma faseada a viagem até Nairobi para depois regressarmos finalmente à Europa.

Na terça feira fizemos Lamu-Malindi em mais uma viagem de autocarro "africana" semelhante a outras já descritas aqui neste blog. Eu recuperei rapidamente da diarreia e indisposição, mas a B ainda andou mais uns 3 dias a sofrer.

Malindi é uma pequena cidade na costa com bonitas praias. Nas imediações há bastantes resorts turísticos na sua maioria italianos e é um local bastante frequentado pelos turistas do país transalpino. No entanto, apesar do ser turístico, Malindi não deixa de ser um local relativamente agradável para se relaxar. Foi lá que Vasco da Gama parou na sua viagem para a Índia depois de ter sido mal recebido pelos locais em Mombasa (há em Malindi alguns monumentos a assinalar esta efeméride). Também foi lá que a B aproveitou para ir a uma consulta num médico africano. :)

Praia de Malindi ao final da tarde

Na quarta feira fomos fazer um passeio de barco (juntamente com um grupo de italianos...) na costa junto a Malindi com um BBQ de marisco e peixe (estava uma maravilha, foi pena a B só poder comer arroz branco...), e um bocado de snorkeling. Foi um dia engraçado, mas o programa que nos venderam foi diferente daquele que acabámos por ter, por isso a B foi reclamar e ainda nos devolveram uma boa parte do dinheiro. Grande Mulher! :))

Eu na praia à conversa com um vendedor de artesanato

B no barco

A nossa rua em Malindi com vista para o Índico

Quinta de manhã fizemos uma viagem curta e um pouco mais confortável até Mombasa. Tínhamos quase o dia todo para passear por Mombasa pois ao fim dessa mesma tarde já íamos para Nairobi.

Muito verde na costa do Quénia. Esta foto foi tirada na viagem entre Malindi e Mombasa.

O nosso grande objectivo em Mombasa era visitar o Forte Jesus. Este forte foi construído por NÓS (sim os PORTUGUESES!) em 1593 porque se tratava de uma região estratégica nas viagens à Índia. O objectivo era dominar os Swahilis daquela zona, mas o forte tem uma história bastante atribulada e mudou de donos bastantes vezes até cair finalmente nas mãos dos Britânicos em 1875.

Dentro do Forte Jesus

Passagem dos Arcos no Forte Jesus

Vista para o Mar...

... E para o canal de Mombasa

Eu e B numa porta tipicamente Swahili dentro do Forte

O Forte visto de fora

Depois do Forte andámos pela zona velha da cidade e por algumas avenidas novas a fazer horas, pois às 19h tínhamos o comboio para Nairobi.

Depositámos uma grande esperança (e uma quantidade de dinheiro significativa) neste comboio. Íamos viajar durante a noite (com chegada prevista às 10h/11h am) numa cabine de duas camas em 1a classe, com direito a jantar e pequeno almoço no vagão restaurante, íamos ver o amanhecer pela janela do nosso compartimento, e antes de Nairobi o comboio passaria pelo Nairobi National Park onde até poderíamos ver uma data de animais selvagens. Ia ser uma viagem de sonho, ultra confortável, e a reviver a época colonialista bem ao estilo do "África Minha".

Mas não foi nada disso! :))

O comboio já não deve ser reparado desde a altura em que os Ingleses deixaram o Quénia. A nossa cabine de primeira classe era agora algo com os estofos todos rasgados, com alguma sujidade e um abandalhamento típico daquelas paragens. As refeições eram servidas por uns tipos fardados, é certo!, mas com as fardas que sobraram dos tempos coloniais: todas sujas, rasgadas, e um botão de cada cor. O requinte do serviço também se foi com os Ingleses, pois é normal deixarem cair umas batatas fritas sobre nós quando nos servem, e ainda se rirem com a situação. 1a classe, mas Africana pois claro!

B a entrar no comboio na estação de Mombasa

Às 8am o comboio parou. E assim ficou várias horas! Eu não tinha pressa e aproveitei para ler vários capítulos da "História Concisa de Portugal" do José Hermano Saraiva, mas vários turistas começaram a chatear-se com a situação pois havia quem tivesse aviões para apanhar ainda nesse dia. Ninguém explicava claramente o que se passava e as várias explicações eram pouco convincentes. Avaria no comboio? Problemas na linha? Quem saberá?

Passageiros da 3ª classe a pedir explicações na estação onde estávamos parados

É preciso ter paciência para viajar em África

Às 14h apareceram uns autocarros (outra vez autocarros!) onde nos enfiaram sem dar explicações. De novo de autocarro até Nairobi. Por acaso o bocado de estrada que faltava até Nairobi estava todo em obras, o que tornou a viagem ainda mais turbulenta e desconfortável, e à entrada em Nairobi haviam engarrafamentos monumentais... Chegámos às estação ás 19h, 24 horas e quatrocentos e tal kms depois de sair de Mombasa.

A empacotar a malta nos autocarros

Estoirada a 6a feira na viagem, restava-nos o Sábado para Nairobi. Tínhamos as piores referências da capital: criminalidade alta, caos... Por isso, e para fugir à confusão de que já estávamos cansados, decidimos passar o Sábado nos arredores de Nairobi. Como a expectativa era baixa até acabei por achar o centro de Nairobi (onde estávamos alojados) interessante: relativamente limpo e organizado, com meios de transporte que ainda não caem de podres e bastantes hotéis, restaurantes e bares com bom aspecto.

No Sábado começámos por visitar o David Sheldrick Wildlife Trust, uma organização não lucrativa cujo objectivo é recolher Elefantes e Rinocerontes órfãos, cuidar deles enquanto jovens, e posteriormente lançá-los de novo para a vida selvagem. Todos os dias abrem os portões aos visitantes durante uma hora. Vale mesmo a pena visitar e donativos são bemvindos, pois trata-se da preservação de duas espécies muito ameaçadas em África pelos caçadores furtivos em busca do marfim.

Elefantes jovens

A canalha diverte-se

Eu e B com a canalha atrás

Rinoceronte com 5 anos que tem de estar fechado pois já é algo agressivo. Fizemos umas festinhas e tem a pela bem áspera! :))

Depois dos elefantes fomos ao Langata Giraffe Centre. Este centro é operado pelo African Fund for Endangered Wildlife e tem por objectivo sensibilizar a juventude para os problemas ecológicos e promover actividades educativas. Lá há 13 girafas Rothchild que são uma espécie que corre perigo de extinção.

Girafas Rothchild

Beijo sem maldade

Bárbara a dar de comer à nossa amiga

Gostámos especialmente do padrão desta

Depois dos bichos ainda nos dirigimos à casa-museu da Karen Blixen, mas o preço de entrada na casa era exorbitante e por isso decidimos ver apenas por fora a casa e os seus jardins.

Casa da Karen Blixen

Domingo foi finalmente o dia de nos metermos em aviões e regressar à nossa civilização!

segunda-feira, setembro 03, 2007

Lamu - Quénia

Depois de Moshi viemos ate Lamu, na costa do Quénia, numa viagem feita a dois tempos. Primeiro foi um autocarro de Moshi até Mombasa, e depois no dia seguinte de Mombasa até Lamu.

Foram mais duas viagens épicas de muuuuitas horas e 100% africanas. Autocarros a cair de podre, superlotados, catinga, calor, poeira, e sempre com motoristas suicidas... A primeira destas viagens ainda teve o extra de passarmos uma fronteira sempre com muitas formalidades a cumprir. Nestas viagens não se consegue ouvir ipod (tal e o ruído das maquinas), nem se consegue ler (tal e a vibração da máquina e o mau estado das estradas), e obviamente não se consegue dormir. São portanto um bom pretexto para pensarmos na vida, reflectirmos sobre os hábitos e a civilização africana (tão diferente da nossa!!) e chegar a reflexões do género: " começo a compreender o apartheid..." :)))))

O objectivo era fazer uns dias de praia e relax em Lamu, que e património da Unesco, e se situa num pequeno arquipélago junto da costa do Índico.

No primeiro dia deambulamos pela vila, cujas ruas estreitas fazem lembrar um pouco algumas medinas de Marrocos, e ainda fomos a praia de Shela para eu fazer a minha estreia no Índico.

Ontem fomos atacados por esse flagelo que atinge com frequência Europeus em África: as diarreias... Dia passado no hotel a chamar pela mãezinha e a deitar tudo para fora.

Hoje fizemos passeio de barco. Saímos de manhã para pescar, paramos à hora do almoço numa praia deserta para mergulhos enquanto tripulação preparava o peixinho, e regressámos a meio da tarde. B muito feliz por ter visto tartaruga (viva em pleno mar)...

Amanha começamos a viagem de regresso a casinha. A primeira escala é Malindi também na costa.

Lamu - Fotos

















O nosso autocarro da viagem Moshi - Mombasa (descubram-me na foto!)

Chegada a Lamu de barco

Pés da B a calçar uns chinelos típicos Swahili (descubram as mazelas dos Rwenzori!!)

Mercado de Lamu

Nós no forte de Lamu

Mais uma foto de Lamu desta vez tirada no nosso passeio de barco

"Dhow boat" com ilha de Manda atrás

Um dos peixes do nosso almoço

Eu e dois dos membros da tripulação

B na praia onde paramos para almoçar, e atrás o nosso barco

Africanos em festa num comício político


















Principal meio de transporte em Lamu