A expedição portuguesa ao Shisha Pangma terminou de forma trágica. Três dos cinco elementos, mais um sherpa, atingiram o cume, mas o Bruno Carvalho morreu já na descida.
O blog Viagens Verticais, escrito por um alpinista que já acompanhou o Bruno Carvalho noutras expedições, faz-lhe um tributo.
Entretanto o João Garcia fez o 8º cume acima dos 8000m, num total de 14. Na próxima primavera deverá seguir-se uma tentativa de ascensão ao K2 no Paquistão.
"O que mais me impressiona (...) é a solidão - a terrível e devastadora solidão do homem que assim caminha em direcção ao absoluto ou ao vazio. A solidão é a marca dos grandes viajantes, dos obstinados, a doença da lucidez. A solidão é o primeiro e o último desafio do homem e começa sempre, sempre, por um referente físico, que funciona como um limite: pode ser um limite vertical, como na montanha, pode ser como no mar um limite de profundidade, ou pode ser como no deserto um limite horizontal. Além, no cume da mais alta montanha, no fundo do mar onde a luz já não entra, ou na vastidão da areia onde a violência da luz apaga todas as arrogâncias, estamos sós, irremediavelmente sós. Nenhum passo caminha atrás do nosso passo, nenhum eco reproduz a nossa voz, nenhuma mão se estenderá se o vazio ou o abismo engolirem o nosso desafio aos deuses. Lembro-me sempre da frase de Byrd, ao regressar da primeira travessia solitária ao Pólo Norte: 'Deixei lá o que me restava de juventude e de presunção.'"
Miguel Sousa Tavares, prefácio do livro "A mais alta solidão" de João Garcia